Apocalipse na visão espírita
Reprodução O Progresso
Antes de fazermos uma relação entre espiritismo e o fim do mundo vamos entender a origem do Apocalipse professado em diversas doutrinas religiosas. Praticamente tudo que sabemos até hoje sobre o Apocalipse vem do livro do apóstolo João. O livro do Apocalipse ("O livro da revelação") e também chamado de Apocalipse de João, é um livro da Bíblia — o livro sagrado do cristianismo — e o último da seleção do Cânon bíblico escrito por João na ilha Patmos.
A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις, apokálypsis, significa "revelação", formada por "apo", tirado de, e "kalumna", véu. Um "apocalipse", na mesma terminologia do judaísmo e do cristianismo é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de "apocalipse" aos relatos escritos dessas revelações. Devido ao fato de, na maioria das bíblias em língua portuguesa, usar o título Apocalipse e não Revelação, até o significado da palavra ficou obscuro, sendo às vezes usado como sinônimo de "final dos tempos".
À luz da Doutrina Espírita, esse "final dos tempos", na verdade, se refere ao término do ciclo planetário chamado "provas e expiações". É conhecido através das obras básicas de Allan Kardec, em a Gênese e o livro dos espíritos, que os mundos possuem uma gradação evolutiva, iniciando sua caminhada nos primeiros estágios chamados de mundos primitivos e concluindo ao atingir o estágio evolutivo de mundos celestes. A Terra está apenas no segundo estágio dessa cadeia evolutiva, ou seja, ainda distante de terminar sua jornada.
Allan Kardec esclarece que "para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Substitui-los-ão espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade." A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares."
Os espíritos através da psicografia do médium Divaldo Pereira Franco detalham o momento planetário que vivemos: " Vive-se, na Terra, o momento da grande transição de mundo de provas e de expiações, para mundo de regeneração. As alterações que se observam são de natureza moral, convidando o ser humano à mudança de comportamento para melhor, alterando os hábitos viciosos, a fim de que se instalem os paradigmas da justiça, do dever, da ordem e do amor. Anunciada essa transformação que se encontra ínsita no processo da evolução, desde o Sermão profético anotado pelo evangelista Marcos, no capítulo XIII do seu livro, quando o Divino Mestre apresentou os sinais dos futuros tempos após as ocorrências dolorosas que assinalariam os diferentes períodos da evolução".
Então fica claro que o planeta não será destruído na sua forma física, mas que sofrerá uma mudança em sua psicosfera. Aqueles espíritos que estiverem presos aos sentimentos mais densos da alma precisarão ir para outra "escola", e, assim, despertarem suas consciências. O mundo e as relações interpessoais deverão ser de amor e baseados na cooperação entre os povos, e os anseios coletivos, sobrepor aos individuais. Essa revolução planetária faz parte do planejamento feito pelo Mestre Jesus a cerca de 4,5 bilhões de anos.
Entretanto, o mais importante é saber que ainda há tempo para nossa transformação moral. Jesus não espera santidade de nós e sim, encontrar em nossos corações a semente da mudança, aquela vontade sincera de sermos seres humanos melhores.
*Médico veterinário, servidor público e professor universitário (www.vozesespiritas.com.br)